sexta-feira, setembro 08, 2006

Barra de Santa Maria


Barra de Sta Maria

Tinha acabado de chegar a Vila Moura e já não gostava. Tinha por lá passado num longínquo Inverno, a bordo de um Sun Odissey de 42 pés, com o Augusto Pereira, e não passamos então do pontão de recepção.
Desta vez cheguei sozinho com o Veronique, pelas 1600, vindo de Portimão, no que foi a minha primeira largada a solo no Mar.
A Marina das tias era um charco com barcos lá dentro e a rapaziada a fazer picadeiro à nossa volta. Valia uma lojinha da Hagen Dass com gelados muita bons, e carotes também.
Como se impunha, logo no dia seguinte larguei para o Mar, rumo à Barra de Santa Maria.
Avisado das correntes fortes daquela barra, planeei a viagem por forma a entrar na enchente, perto do estofo.
Pelo caminho ainda deu para notar um aviso de tempestade do Navtex espanhol, no golfo de Cádis, da qual apenas senti um ligeiro refrescar dos ventos.
Muitas traineiras a largar redes à beirinha da praia, mau, mas que serviram para conhecer melhor a costa e saber até onde me poderia aproximar de terra.
Cuidado com a restinga a poente da barra, uma milha para fora, e lá vou eu, à leão, barra adentro.
Canal até Olhão a lembrar a minha Ria, com bóias bem distribuídas e visíveis, uma marina manhosa, com as aguas e electricidades desligadas, mal cheirosa também, mais de metade dos lugares vagos, e dois extremosos funcionários a correrem comigo mal atraquei, sob o pretexto adjectivo de que se tratava de ‘… um porto de recreio e não de uma marina, até tinham os DLs e tudo…’
De nada serviram os meus argumentos, os mais fortes dos quais eram que só queria passar a noite, que saía de imediato se o ‘dono’ do lugar se apresentasse, e que pagaria o que me exigissem.
Nada demoveu os zelosos funcionários.
(saudades do pontão da Avela, feito não com dinheiros públicos como aquele, mas com o dos sócios, e que NUNCA ninguém que ali se apresentou ficou sem lugar, sem as caldeiradas da praxe e sem o apoio total da AVELA)
Lá saí eu, canal de Olhão agora ao contrário, para fundear na Culatra e ainda mandar umas cacholadas na Ria Formosa.
Dia seguinte a Preia Mar era às 0915. Suspendi às 0830 em direcção à barra. Ainda toquei no fundo, mas rapidamente me safei e, à hora aprazada, saía para o Mar outra vez, deixando atrás de mim a Ria Formosa e os ‘zelosos’ funcionários do 'zeloso' IPTM.
Ainda me cruzei com a traineira da foto, e o Mar, finalmente, à minha frente.

Um luxo.