segunda-feira, outubro 30, 2006

A Ribeira e o Douro outra bez















Chegabamos à Barra do Douro, eu, e os outros, pela primeirinha das bezes, a emoçom era gránde, juro.
Os binóculos procurabam as bóias que sinalizabam a Barra.
A minha tripulaçom também estaba escitada, tibe de os compurtar.
Ficou a melhor das recordações, em Galaico-Português e com sotaque Galaico-Duriense, espírito celta nas cerbejolas e no resto, que não era pouco.
E digam lá se o Oscar Peterson não inspira, depois de um dia super manhoso?!!
Hei-de lá boltar, como na cançom, se o meu amor me quizer.(you look good to me...)

Ausência

Às vezes é preciso fazer destas coisas e, por uma vez, o MBAS do Veronique deslocou-se a terras de Castela para uma feira de material eléctrico, de facto e gravata todos os dias, noite à noite, primeiro no ‘A Bola’ e no ‘El Buey’, no 'Palácio Gaviria' depois.
Com esta tralha toda o Veronique perdeu a chegada da Vera Cruz a Aveiro, com a flotilha da Avela a ir Barra fora escoltar a caravela.
Ficaram os maluquinhos da Praça do Sol e da Calle Arenal, dos Preciados e da Mayor.
Livra, que Madrid tem a maior concentração de castelhanos por metro quadrado que me foi dado a conhecer.
Ficaram também as saudades do nosso Mar, que não habito há já duas semanas, uma eternidade, do balançar do Veronique na baía de São Jacinto, das velejadas de verdugo nas aguas em bolina cerrada, dos regressos ao entardecer ao nosso cais da Lota Velha.
Lá iremos, com calma e paciência, lá iremos.
Para já o trabalho que aperta, com uma auditoria manhosa sexta feira que vêm e, com um pouco de sorte, um Chico Buarque a meio da semana, que também mereço.
Assim, meus Amigos, os posts no Mar Adentro e no Ventosga pararam por um pouquinho, afazeres profissionais o ditaram, mas reentrarão já a partir de hoje, assim o engenho não me falte.

quinta-feira, outubro 19, 2006

Pele de Galinha

Algumas coisas ma fazem, a pele, a de galinha.
A Portuguesa, a Maria da Fonte, uma boa tempestade no Mar comigo sózinho a bordo, uma boa leitura, um disco do Waits ou a 5ª do Mahler, navegar no Douro entre os alcantilados de Gaia e da Ribeira. Como diria a Sissi, "dão me tesão".
Um grande poeta e marinheiro escreveu o que a seguir transcrevo.
Quando na canção esta parte sai em crescendo, a pele eriça-se-me como a de galinha, confesso.
"....
Et puis et puis
Et puis y a Frida
Qui est belle comme un soleil
Et qui m'aime pareil
Que moi j'aime Frida
Même qu'on se dit souvent
Qu'on aura une maison
Avec des tas de fenêtres
Avec presque pas de murs
Et qu'on vivra dedans
Et qu'il fera bon y être
Et que si c'est pas sûr
C'est quand même peut-être
Parce que les autres veulent pas
Parce que les autres veulent pas
...."

Será defeito, doença, mania?

quarta-feira, outubro 18, 2006

Spirit

Para aí ao largo do Furadouro, entre a Pedra da Galega e a praia, entramos em comunicação com o Spirit, que estava do outro lado do cordão dunar.
Na sequência o seu patrão, o nosso Amigo Fernando Ribeiro, enviou o email abaixo:

"...
Caro João, bom dia.

Foi com agrado que soube que o vosso 17.º aniversário irá ser festejado em grande e com a presença da Vera Cruz no vosso cais.
Algum do pessoal da NADO gostaria de participar na chegada da caravela e seguir convosco em cortejo.
Já há previsões sobre a data da chegada?

Soube agora que no passado sábado, enquanto eu me dirigia para Sul até ao nosso Saint Jacint sur Mer (e tivemos oportunidade de nos comunicarmos via rádio), o bravo Veronique e o seu bravíssimo Skipper rumavam a Norte até à minha cidade.
Pois é, os restaurantes são o que são... e nessas zonas pior. São os custos do "património mundial" enfim...

Bons ventos
Fernando Ribeiro (Spirit)

..."

A Ribeira do Jamor



Fotografia do Bolha, Bubbles em estrangeiro, ainda em tecnica de contra-luz, como aprendeu nos cursos da CEE, mostrando o Julio em pose meio fatigada, com a ponte da Arrábida em fundo, num Douro magnífico, que lembrava ao nosso Amigo a Ribeira do Jamor, mas em grande e com mais pontes.Um Abraço Julio....

terça-feira, outubro 17, 2006

Atracação na Ribeira















Atracação do Veronique no cais da Estiva Velha, na Ribeira.
Sem palavras, majestoso!

segunda-feira, outubro 16, 2006

PORTO

E por volta das 1000 lá saímos de Aveiro as quatro embarcações, o Carpe Mares e o Casvic já tinham largado às seis da manhã.
Navegação maravilhosa, a motor, o vento não apareceu, com rumo ao Porto.
O Mar nem se mexia e estava de um azul profundo.
Ao largo da Torreira o Bubbles fez um arroz de chouriço bastante bom, e às 1630 entramos impantes no Douro, todos nós pela primeira vez.
A barra do Douro está boa, bem sinalizada e com largura suficiente.
(Tem dois bidões meio submersos, a meio do canal, não sinalizados, que na entrada não engulharam, mas que na saída, com Mar grosso e sem os vermos, podiam ter sido chatos).

A APDL reservou-nos um espaço de muralha com 3 metros de altura e uns 50 metros de comprimento, agradável porque no meio da Ribeira.
Escadas de quebra costas para aceder aos barcos, uma das quais deslocada em relação às embarcações, obrigando a manobras manhosas de cabos sempre que se queria sair ou entrar, constituíram o único senão da atracação. Para a próxima levamos uma escada de alumínio para estas manobras.

Fizeram se uns bons passeios na Ribeira e em Gaia e, infelizmente, o jantar foi o que se viu, mau.

O regresso foi para marinheiros.

Nós, os “gajos dos Barcos com Cozinha”, no dizer dos nossos invejosos detractores, não fazemos regatas de muitas horas seguidas na Ria, mas fazemo-nos ao Mar e, quando lá estamos e o vento e as ondas carregam, fazemos as honras das gentes da Ria, cara ao vento, proa à vaga, velas rizadas e estais de tempo envergados, agua a entrar pelas proas e a sair pelas popas, arnezes e oleados, tudo ali a mostrar a raça de marinheiros que nós, os “gajos dos barcos com cozinha” da Avela, somos.

O Vento carregou com força, chegou aos 35 nós, pela proa. Tivemos de fazer bordos sobre um tempo muito rijo. Fora das 6 milhas o Mar crescia aos 3 metros, o vento era Sudeste.
A viagem de regresso demorou mais 4 a 5 horas que para o Porto.
Mas chegamos, molhados e um pouco cansados, cheios de Sal na cara e nas roupas, porque no sangue e na alma já o tínhamos.


Ficam os nomes das embarcações participantes:
Casvic, Carpe Mares, Taraoa, Liberum, Dominó e Veronique.

O Meu Contributo

No rescaldo de um cruzeiro ao Douro de muito luxo, com fotos e descrições lá mais para diante, não quero deixar de tecer alguns comentários ao que de desagradável aconteceu e que esteve muito perto de estragar o fim de semana.

Quando num restaurante aceitamos pagar por vinte o que sabemos só custar cinco, temos consciência de que estamos a pagar essencialmente o serviço, o não ter de cozinhar e lavar louças, sermos servidos com simpatia e civismo, só termos o prazer de saborear os alimentos.
É isso que pagamos, muito mais que a carne e as batatas que malhamos.

Se pagamos essencialmente o serviço e este não existe ou não é de qualidade, a isso chama-se roubo, com todas as letras.

Serve isto para dizer que marquei num restaurante, que considerava agradável, na Ribeira, jantar para vinte pessoas.
Não contei com alguns acompanhantes das tripulações que foram de carro, nem com as crianças.
Resultado, apareceram mais cinco pessoas.

Os donos do restaurante, dois irmãos, oscilaram entre a arrogância e indiferença para a resolução da questão de por mais 5 lugares numa mesa de 20.
Nem a solução de nos apertarmos mais um pouco os demoveu, vinte eram vinte, e ponto.
Fomos forçados a dividir o grupo e jantarmos em dois restaurantes, e isto porque não era possível, aquela hora e ao sábado, arranjar um restaurante para 25 pessoas, se não tínhamos saído todos.

Assim, peço aos meus amigos que passem a palavra uns aos outros, o ‘Solar do Pátio’ não merece a nossa preferência.
Funcionou mais uma vez a Lei das Compensações,
O ‘Solar’ PERDEU uns potenciais bons clientes e GANHOU toda a má publicidade que possamos fazer a respeito deles

quinta-feira, outubro 12, 2006

Dia Aberto - as fotos


As ondas (foto do Adjamé)

Para mostrar aos instruendos o que era o Mar, saiu-se um bocadinho a Barra, mas o Mar estava deveras manhoso, e regressamos logo.
Na gaiuta podemos ver o arrais Bolha com cara e olhar de pânico pois as vagalhonas que tinha por hábito enfrentar no açude ponte do mondego nas suas 'gaivotas' raras vezes ultrapassavam os 32, vá 32,5 cm de altura, e isto nos dias maus de nortada rija, de força 1 e às vezes 2.
Ao leme eu, claro, ainda de camisa aos quadrados, vindo da fábrica, que ao sabado de manhã também se trabalha, pois.

segunda-feira, outubro 09, 2006

Aveiro, no regresso da Grande Maré















Digam lá se não é cidade mais linda do Universo, quiçá a mais linda de Portugal.

A Grande Maré - a estória













(foto Casvic)
Depois do almoço de sábado, a aproveitar a maior maré dos últimos 20 anos, a flotilha largou toda de Aveiro com rumo à Torreira.
Toda? Não, O Bruminha já lá tinha chegado de véspera, para abrir e explorar caminho.
Saímos O Veronique, claro, o Tibariaf na sua primeira incursão fluvial à Torreira, o Valhalha o mais batido de todos nós nesta rota, o Casvic um pouco mais cedo até São jacinto, onde esperou por nós, e da Costa Nova saiu o Wooloomooloo do nosso grande amigo Toni. (Toni?, sim Toni, que nos fez passar a maior das vergonhas, que contarei mais adiante).

Faltou o nosso Amigo Licas e o seu Zurk, a termas no Gerês, onde ingeria meio copinho de agua por dia, para não ser muito violento.

E lá chegamos à Torreira, ao fim da tarde de sábado, com uma navegação despreocupada, com algum Sol e sem vento.

No trapiche o Machadinho, já com a cabra bem presa a um cunho especial que aplicou no seu Bruma, ajudava às amarrações.
No Valhalha o Ricardo, ainda primo do Alberto João, brindava-nos com a sua famosa poncha, feita com o indispensável caralhinho do Funchal, que estava tipo’gasolina de avião’.

E veio o jantar, com uma espantosa dobradinha à madeirense, um delicioso arrozinho de ameijoas e bacalhau, preparado com esmero e carinho pelo Comandante Machadinho, liberto da sua cabra que estava amarrada ao tal cunho especial, queijos e vinhos vários, e uma caminhada até ao Mar, provar os finos especiais do Alberto.

O domingo trouxe um bacalhau à Berna, razoável, e uma navegação, quando a maré o permitiu, até Aveiro, com muitas fotografias, espalhadas por esses blogs fora.



Para a posteridade ficam os consumos deste cruzeiro: 16 garrafas de tinto, duas garrafinhas de branco para as senhoras, 2 grades de cerveja, 1 garrafa de rum, meia garrafa de aguardente Wooloomooloo, meia garrafinha de agua das pedras, 5 garrafas de champanhe, 5 quilos de dobradinha à madeirense, 1,5 litros de poncha, 3 queijos do Rabaçal e um castelhano cuja marca nem quero recordar, 2 melões sul africanos, 2 quilos de bacalhau à Berna, 3 quilos de arroz de ameijoas, 23 casqueiros, 1 bolo de chocolate, 2 frangos 'voadores', um com cerveja e dois de churrasco.

E a estória do Toni?
Pois fomos dar entrada na Marina, sendo que o nosso Amigo ‘Pardal’ nos pediu para tratar da sua entrada.
Os Comodoros tinham já cópia da documentação de todas as embarcações.
Quando foi necessário identificar o Pardal, nenhum de nós sabia o nome próprio do homem. Tentamos João e Manuel, mas não havia nenhum registo de João Pardal, nem de Manuel Pardal.
Fomos então pelo nome do barco, o inconfundível Wooloomooloo.
Dizia o Comodoro:
--Ahh, esse barco com um nome manhoso?!, Deixem ver, é do sr Fernando António, o Toni.!!!!
E foi assim que soubemos, envergonhados, que o Pardal afinal era o Toni.

A Grande Maré

terça-feira, outubro 03, 2006

Mar Sonoro

Mar sonoro, mar sem fundo, mar sem fim.
A tua beleza aumenta quando estamos sós
E tão fundo intimamente a tua voz
Segue o mais secreto bailar do meu sonho
Que momentos há em que eu suponho
Seres um milagre criado só para mim.


(... Sophia de Mello Breyner Andersen)

Pedra da Galega



Roam-se os meus Amigos de Inveja; sou o feliz proprietário de um magnifico exemplar do "Roteiro de Pesca de Arrasto da Costa Continental Portuguesa", do Comandante Joaquim Gormicho Boavida, edição de 1948, profusamente ilustrada com cartas como a que aqui reproduzo.

E tem muitas mais....

As coisas às vezes acontecem....

O Porto de Leixões é dos mais seguros dos portos Portugueses. A entrada é estreita, mas abrigada.
Quem vem do Sul, parece ter sido o caso, dá um resguardo e entra nas calmas.
O que terá acontecido desta vez?
A noticia é da TSF:
"...
LEIXÕES
Ondas destroem veleiro e provocam dois mortos
Um veleiro encalhou e desfez-se, no Porto de Leixões, provocando a morte dos seus dois tripulantes. A embarcação encontrava-se num zona de difícil visibilidade e com muitas rochas, tendo a forte ondulação destruído o veleiro, numa altura em que já se tinham iniciado as operações de salvamento.


( 07:49 / 03 de Outubro 06 )
Um veleiro encalhou e desfez-se, na segunda-feira à noite, na parte exterior do Porto de Leixões, provocando a morte dos seus dois tripulantes, tendo, no entanto, até agora, apenas sido encontrado o cadáver de um destes.Em declarações à TSF, o comandante José Isabel explicou que a embarcação se encontrava numa zona com pouca visibilidade e rodeada de rocha, o que dificultava a possibilidade de os retirar do local.«Teriam de percorrer um espaço ainda considerável com rochas e mar revolto e que poria a sua vida em perigo, tal como era difícil deslocar para lá qualquer meio de salvamento», explicou o adjunto do capitão da capitania do Porto de Leixões.Cerca de uma hora após o início das operações de salvamento, a forte ondulação acabou por atirar o veleiro contra as rochas, desfazendo-o, o que fez com que os dois tripulantes deste veleiro fossem projectados para o mar.O cadáver de um dos tripulantes foi encontrado a boiar nas proximidades, enquanto que o outro ainda continua desaparecido.

..."

segunda-feira, outubro 02, 2006

Dia Aberto

O nosso clube tem destas coisas, recebe bem, o melhor que sabe, os seus Amigos e Convidados. Essa é que é essa.

Na semana passada foi a participação, com a Acreditar, no passeio anual com os meninos do IPO do Porto. Infelizmente não pude participar, tive três casamentos no mesmo dia e tive de andar a correr de uns para os outros, mas o Veronique, timonado pelo nosso Presidente, lá esteve, impante como sempre, a participar numa das mais lindas coisas que a Avela faz.


Este sábado foi o Dia Aberto, integrado nuns eventos relacionados com a Ria que a Câmara de Aveiro está a organizar.
Os cidadãos inscreviam-se, apareciam na Avela, e nós distribuímo-los pelas embarcações e levamo-los até ao Mar.
E foi assim.

Ao Veronique calharam 4 ‘ creoulos ’ cada um com 4 ou 5 embarques no Creoula (atenção Atlântico Azul), embora sem grande experiência de vela.
Contaram que se tinham fartado de polir os amarelos no lugre, mas que vela pouco tinham feito.
Obviamente aproveitei para os convencer a polir os amarelos do Veronique mas, até porque os não havia, ficaram todos no poço a timonar e a marear as velas.
Aprenderam umas coisas, o Carlos, a Mafalda, o Filipe e o 4º, de quem não me lembro o nome (desculpa Amigo)
À voz de “Faina Geral de Mastro” lá iam eles até ao mastro, único, do Veronique, para içar a grande ou um dos estais.

Eu gostei da companhia deles e penso que eles também gostaram da nossa e do passeio.
O Mar, esse, estava muito manhoso. Saímos um quarto de milha, só para dizer que sim, e regressamos logo, sempre à vela, até Aveiro.

Mal, como sempre, esteve o arrais Bolha, que, acompanhando-me neste passeio, trocou os nós, baralhou os cabos e as velas e confundiu as ondas do Mar com as marolas do Mondego na marina oceânica do choupalinho.